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Em março de 1877, o Teatro
Scala, de Milão, na Itália,
apresentava naquela noite aspecto notável. Nem um
camarote vazio, nem uma cadeira vaga, nem um lugarzinho
modesto nas galerias.
Ia-se cantar,
pela primeira vez, a ópera “
Il Guarani”, de um jovem e
desconhecido maestro brasileiro, chamado Carlos Gomes. E
o um trecho da ópera era extraído de um romance também
brasileiro, do escritor José de Alencar.
Toda a colônia
brasileira, naquela cidade italiana e em
outras localidades européias, estava
presente. Decidir-se-ia naquela noite o
destino artístico da ópera de Carlos Gomes:
o triunfo, com os aplausos, ou a derrota,
com a vaia.
Soaram as campainhas do
teatro. Fez-se silêncio. O maestro ergueu a batuta e
romperam os primeiros acordes da partitura. Logo a
sinfonia mereceu, na sua beleza, algumas palmas.O
espetáculo começou e correu com alternativas de agrado e
frieza.
Carlos Gomes tinha
o coração batendo rapidamente, as mãos
frias, a cabeça cheia de ansiedade.
O entusiasmo da assistência era
franco, ora vigoroso, ora comunicativo. Nos
intervalos, os comentários não eram
desfavoráveis. Ouviam-se, mesmo, elogios.
Subiu o pano para o
quarto ato. E, ao final, a consagração espocou, em
aplausos delirantes.
Carlos Gomes vencera. O
maestro italiano Verdi, que
era um nome glorioso, abraçou o jovem maestro
brasileiro, dizendo-lhe:
“Menino, você começa por onde eu acabo! ”. |
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