Fritjof Capra, físico austríaco de renome, disse que “um reator nuclear é um aparelho altamente sofisticado, dispendioso e extremamente perigoso, usado para ferver água”. Com esta simples e genial definição, condenou definitivamente as usinas atômicas.
 
    Em 1955, em Genebra, a energia nuclear foi apresentada ao mundo como a fonte energética do futuro: segura, limpa e barata. Transcorridos 52 anos, os acontecimentos se encarregaram de mostrar que ela é cara, suja e perigosa. Examinemos isto ponto por ponto:


    1- A energia nuclear é antieconômica. Para produzir um quilowatt nuclear, gasta-se o triplo do que é necessário para produzir um quilowatt hidrelétrico. Com 30 anos de funcionamento, uma central nuclear torna-se imprestável e tem que ser desativada e isolada do meio ambiente. Convenhamos que é uma vida muito curta para uma obra tão dispendiosa e cuja desativação fica caríssima. Cynthia Pollock, especialista no assunto, estimou em três bilhões de dólares a despesa para desativar cada reator.


    2- Os rejeitos radioativos, provenientes da operação normal das usinas nucleares, constituem um problema que até hoje não tem solução em país algum. Os Estados Unidos, por exemplo, planejaram seu aterro geológico para 1985. Depois, foram adiando para 1989, 1998, 2003, e finalmente 2010, quando pretendem depositar nas Motanhas Yucca, em Nevada,se o local for aprovado,mais de 70 mil toneladas de resíduos, de alto nível radioativo, armazenados em 131 lugares de 31 estados do país.
 O presidente Gerge W. Bush, contrariando o parecer de cientistas da Junta de Revisão Técnica do Lixo Nuclear, chegou a assinar uma autorização para começar a remoção de 77 mil toneladas de lixo nuclear para o ainda inexistente depósito nas Montanhas Yucca.Foi o bastante para o estado de Nevada se rebelar. Ainda que o Congresso aprove,definitivamente, o depósito naquelas montanhas,a luta não terminará.O estado de Nevada ameaça não fornecer a água necessária para o depósito.Legisladores de outros estados pensam em leis para proibir o trânsito dos contêineres - verdadeiros Chernobis ambulantes e,portanto, alvos em potencial de terroristas - por seus territórios.
 A Alemanha planejou o aterro de seu lixo nuclear para 1998, adiou para 2008 e agora cogita em fechar todas as suas usinas atômicas nos próximos 20 anos.
 Em Angra, os rejeitos radioativos não têm um destino definitivo. O lixo de alto nível de radioatividade está estocado em piscinas refrigeradas, instaladas junto ao reator. O de baixo nível, está estocado em tambores na antiga pedreira da usina.
 
    3- Acidentes nucleares acontecem com muito maior freqüência do que se previa. Ainda assim, acidentes de grandes proporções são pouco prováveis. Contudo, a mera possibilidade de que haja acidentes como o de Chernobyl, que contaminou quase toda a Europa com a radioatividade liberada, ou outros ainda mais graves, constitui um risco intolerável que,tendo em vista as alternativas existentes,não tem justificativ
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Este texto foi originalmente publicado, pelo autor, em seu livro "A Síndrome do Progresso, em 1988; depois, adaptado para o Recanto das Letras, em julho/2006.
Diante do ocorrido no Japão, neste mês de março/2011, relançamos o mesmo texto,
mostrando sua atualidade, apesar dos agora 56 anos da apresentação da “energia do
futuro” em questão...

 
     

 

 

 
 

20/03/2011