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É uma falácia atribuir a uma
pretensa explosão demográfica a
miséria do nosso povo e um
engodo dizer que para combatê-la
é imprescindível o controle da
natalidade.
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03/12/2009
É inegável que em regiões onde
se verifica uma autêntica
explosão demográfica o
desenvolvimento econômico fica
prejudicado.
Não é o caso do Brasil, como se
depreende dos seguintes dados
estatísticos: com uma área de
8.511.965 km², para uma
população de 184.739.395 – 21,6
habitantes por km² - pode-se até
dizer que o nosso país é
desabitado.
Certamente não é o que parece ao
morador ou ao visitante de
qualquer de nossas grandes
cidades assoberbadas com o
afluxo das populações rurais
que, por falta de políticas
sociais adequadas, deixam o
interior ao abandono e vão
inchar as megalópoles
No último quartel do séc.XX, o
Brasil expandiu notavelmente sua
fronteira agrícola, mas este
êxito não se traduziu em maior
justiça social no campo e não
contribuiu para minorar a fome .
Sucessivos governos, visando a
exportação, incentivaram o
plantio de soja, em imensos
latifúndios, em detrimento da
plantação diversificada de
alimentos para o mercado interno
que era feita por pequenos e
médios agricultores. Estes,
levados a vender suas
propriedades, praticamente
expulsos da terra, foram
aumentar, ainda mais, as
populações urbanas ou, como
alternativa, foram ajudar a
queimar a floresta amazônica. O
que se considera um problema
demográfico é, na realidade, um
problema institucional.
Nossa economia é de modelo
colonial, subdesenvolvida,
dependente do mercado externo e
é errôneo pensar-se que uma
economia subdesenvolvida é meio
moderna, meio atrasada e que a
mera expansão do setor moderno
constitui o próprio
desenvolvimento econômico.
Expandir o setor belga não muda
a estrutura de Belíndia
*.
Na realidade, enquanto a
produção total da economia
cresce ou decresce em função da
demanda externa não se pode
falar em desenvolvimento e o
setor moderno é tão parte do
modelo colonial quanto o setor
atrasado.
O crescimento da população não
constitui, necessariamente, um
obstáculo ao progresso da
economia e à superação do modelo
colonial. Representa, pelo
contrário, um importante fator
positivo na medida em que
possibilita um dimensionamento
maior do mercado interno. O
suposto problema demográfico
será resolvido com a
desconcentração da propriedade e
da renda e uma redistribuição
espacial das atividades
econômicas, única forma efetiva
e humana de fazer face às
dificuldades ocasionadas pelas
intoleráveis concentrações
populacionais nas grandes
cidades.
*
Termo criado pelo economista
Edmar Bacha para significar que
o Brasil tem algo de Bélgica e
algo de Índia.