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É de Joãozinho Trinta um
comentário bastante
divulgado:
“ O povo gosta de luxo;
intelectual é que gosta de
miséria.”
A bem da verdade, não sei de
alguém, intelectual ou não, que
goste de miséria. Há religiosos
que fazem voto de pobreza, mas
não há cristão, budista ou
muçulmano que faça voto de
miséria.A miséria não é uma
bem-aventurança. Muito pelo
contrário, é um empecilho para a
salvação do homem. Segundo Sto.
Tomás, a suficiência de bens
corpóreos é condição de virtude.
Todos os Direitos
Reservados
03/12/2009
O que alguns intelectuais vêem é
que luxo e miséria são duas
faces da mesma moeda: é a
miséria de muitos que
possibilita o luxo de uns
poucos.
O professor suíço Jean Ziegler,
por exemplo, critica a idéia de
Adam Smith de que a riqueza não
se adquire de ninguém. Os
bilhões de dólares que se
acumulam nos bancos suíços, diz
ele, não vieram do espaço:
vieram do Brasil, do Zaire, das
Filipinas e de outros países do
Terceiro Mundo. São o sangue e a
miséria de povos da África, da
Ásia e da América Latina.
Fica claro que desenvolvimento e
subdesenvolvimento também são
faces da mesma moeda. A primeira
conseqüência dessa constatação é
tornar patente que o desejo de
um país do Terceiro Mundo de
passar a fazer parte do Primeiro
Mundo não passa de uma veleidade
infantil.
O ritmo desenfreado de produção
e consumo dos países ricos se
processa a expensas dos países
pobres e inviabiliza o
desenvolvimento destes. O único
caminho viável para os países do
Terceiro Mundo é a integração
regional. Não como resultante do
processo de internacionalização
do capital, pois este mantém e
até reforça a condição de
economia dependente e alarga,
dentro de cada país, o fosso
entre os poucos que possuem
muito e os muitos que possuem
pouco.
Só a integração de países
irmãos, que em condições de
igualdade ponham seus recursos
em comum, possibilitará um
crescimento autônomo com a força
necessária para romper a
submissão e para viabilizar um
novo modelo de alocação desses
mesmos recursos, orientado para
a satisfação das necessidades
básicas de todos e não para o
consumo conspícuo de minorias
privilegiadas.