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"A ciência nunca pode explicar
Todos os
Direitos Reservados
03/12/2009
nenhum princípio moral"- Steven
Weinberg
(Folha de S. Paulo - Mais!, de
24/06/2001)
Ninguém de bom senso deixa de
reconhecer o valor da ciência, nem
nega que ela seja um instrumento
precioso para a civilização. A ciência
e as suas conseqüências técnicas,
inegavelmente, permitem a libertação
progressiva do homem. A incurável
fraqueza da ciência é que ela não
dirige a sua própria aplicação. A
história recente nos mostrou a ciência
sendo usada para a escravidão e até
para o extermínio.
Escolher é para o homem um imperativo,
pois, mesmo não escolher já é uma
escolha. Não é a ciência que determina
nossa ação ou inação: ela só dita
normas condicionais.
Foi a ilusão cientificista e não a
ciência que confiou num progresso
ilimitado que daria ao homem um
conhecimento sem mistérios e o
conduziria, necessariamente, à
felicidade.
O verdadeiro cientista sabe que a
realidade é maior do que a imagem
científica que dela podemos ter. A
realidade, como fato de experiência,
encerra amor, beleza, êxtase místico,
intimações de divino. Parafraseando
Hamlet: “Há mais coisas no céu e na
terra do que um cientificista pode
sonhar”.
Por vezes, até cientistas consagrados
têm um surto de cientificismo. Foi o
que aconteceu com os signatários do
Apelo de Heidelberg, tornado público
na mesma ocasião em que se realizava
no Rio de Janeiro a Eco-92. Tal
“Apelo” denunciava a ecologia, que é
uma ciência firmemente ancorada nas
leis da termodinâmica, “como a
emergência de uma ideologia irracional
que se opõe ao progresso industrial e
científico”.
Diz a primeira lei da termodinâmica
que a quantidade de energia no
universo é constante e a segunda diz
que a energia útil diminui. *
Desconhecer essa realidade acarreta
inúmeros problemas de degradação
ambiental e é ingênuo querer
solucioná-los pelo progresso
tecnológico, quando é a atual
aceleração deste que contribui para
agravá-los.
* Um exemplo fácil: o gás que se
queima no fogão não desaparece do
universo, mas não volta para dentro do
bujão para ser queimado novamente.