Francis Fukuyama, o homem que decretou o fim da história, declarou numa entrevista que o “capitalismo não é uma solução para todos os males sociais e espirituais humanos. É um sistema produtor de riqueza”. A pergunta à qual pretendeu responder com tal declaração referia-se, precisamente, aos dois maiores problemas de nossa época: a destruição do meio ambiente e o desemprego estrutural.

        O primeiro diz respeito à preservação da vida em nosso planeta e o segundo põe em jogo a sobrevivência de bilhões de seres humanos.

        A estultice da resposta é de espantar mas não é original: é o que acham os epígonos do velho e do novo liberalismo. Fica evidente, para quem pensa, que a teoria econômica neoliberal, hoje amplamente dominante, constitui uma visão muito enganosa da maneira como o mundo realmente funciona, e que ela precisa ser substituída.


       Foram a empáfia e a hipocrisia dos governantes neoliberais que revoltaram a escritora Viviane Forrester, que nunca foi economista, e a levaram a publicar o livro O horror econômico, que rapidamente se tornou um best-seller na França, foi traduzido em sete idiomas e faz sucesso mundo afora.

        Segundo Viviane, o capitalismo e o neoliberalismo são destruidores do emprego e provocam uma marginalização crescente da população.

        As novas tecnologias, as máquinas que substituíram o trabalho humano produzem cada dia bens de melhor qualidade, prescindindo da mão-de-obra. O horror econômico é a ameaça da eliminação dos excluídos.

         Norbert Wiener que - como assinala Viviane – foi não só o inventor da cibernética mas um lúcido profeta quanto às suas conseqüências, afirmou que a máquina automática é o exato equivalente econômico do trabalho escravo, o que resulta no desaparecimento dos empregos.

       Isso poderia representar uma liberação favorável a todos se a economia não estivesse orientada para o lucro cada vez maior de um número de pessoas cada vez menor. Chegamos a tal extremo de concentração da riqueza que o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD/96) constatou que trezentos e cinqüenta e oito indivíduos, os maiores milionários do planeta, acumularam uma fortuna que equivale a tudo quanto possui a metade da população mundial
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        Segundo Viviane Forrester, não devemos chorar pelos empregos que deixaram de existir nem recusar o progresso das tecnologias. O que é preciso é viver com conhecimento de causa e não mais aceitar passivamente as análises econômicas e políticas que nos impingem. A grande lição da autora de L’ horreur économique é que não há nada mais mobilizador do que o pensamento. Daí a luta insidiosa contra a capacidade de pensar, a qual, entretanto, representa e representará, cada vez mais, nosso único recurso.

 
   

 

 
 
 

Prof. José Lisboa Mendes Moreira

 
 

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15/12/2012