Autor: José
Lisboa Mendes
Moreira
Gandhi, traduzindo
uma sabedoria
milenar que ressuma
nos ensinamentos de
Buda, nas promessas
do Islã e no Sermão
da Montanha, disse
que “ a civilização,
no sentido real da
palavra, não
consiste na
multiplicação das
necessidades, mas na
sua redução
voluntária,
deliberada”.
As
palavras de Gandhi
são o exato
contraditório do
pensamento moderno
que define a
civilização como
sendo a criação
indefinida das
necessidades de que
não temos
necessidade. Essa
definição, formulada
no século XIX, na
esteira de uma
mentalidade que
fincou raízes no
século XIV e
floresceu no século
XVIII, desemboca na
atual sociedade de
consumo que comporta
tantos desperdícios
e estragos.
Foi nos Estados
Unidos, na década de
1950, que se
estabeleceu a
prevalência do
consumo sobre a
produção. De lá para
cá, a mentalidade
consumista, criada
pela publicidade, se
espalhou pelo mundo
capitalista e se
infiltrou no mundo
socialista.
As
armas utilizadas
pelo consumismo
foram a
obsolescência
planejada e o
obsoletismo
psicológico.
Planejar a
obsolescência é
encurtar
deliberadamente a
duração dos produtos
fabricados. O
obsoletismo
psicológico consiste
em criar
insatisfação pelo
que é velho e
antiquado, embora em
bom estado de uso.
O
resultado dessa
insensatez é uma
crise econômica de
âmbito mundial que
alarga , cada vez
mais, o fosso entre
ricos e pobres.
Os
países ricos, que
não estão isentos de
problemas
financeiros e
ecológicos, tomam
medidas unilaterais
para assegurar seus
privilégios. Aos
países pobres, como
panacéia, indica-se
trilhar os caminhos
da modernidade e da
economia de mercado.
O
que se receita para
os países pobres é
uma dupla enganação.
A modernidade
começou a apodrecer
em 1914 e vem se
decompondo nas
guerras grandes e
pequenas, na fome,
no desabrigo, na
falta de atendimento
à saúde e à
educação, na
degradação
ambiental. Quanto à
economia de mercado,
não passa de uma
falácia. A “mão
invisível” de Adam
Smith, se algum dia
existiu, passou a
ser a mão das
empresas
multinacionais
capitalistas.
No
mundo capitalista
(como acontecia na
antiga União
Soviética e acontece
na China atual),
busca-se o
crescimento
econômico sem levar
em conta que o mundo
físico é finito.
Em
decorrência da
primeira lei da
termodinâmica, o
homem não tem
capacidade para
criar ou destruir
matéria ou energia;
não há forma de
aumentar o estoque
de recursos do
planeta. Do ponto de
vista global, o
crescimento
econômico é apenas
um mito.
Por
outro lado, pela
segunda lei da
termodinâmica, os
recursos utilizáveis
e a energia
disponível vão
diminuindo. O
processo econômico
transforma a energia
e os materiais que
entram nos bens e
serviços que saem. O
lixo, a poluição e o
calor, engendrados
por este processo e
descarregados na
biosfera, não são
contabilizados como
custos. Na verdade,
o estilo de vida
dominante no mundo
está acelerando,
perigosamente, o
empobrecimento do
nosso planeta.
Os
economistas, sejam
eles neoclássicos,
keynesianos ou
marxistas, tomam a
economia como um
sistema e a natureza
como um mero
subsistema,
invertendo o mundo
real. Nenhum deles
tem a humildade de
reconhecer que as
leis da física
prevalecem sobre as
pretensas leis
econômicas.
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Reservados
ao Autor:
José Lisboa
Mendes Moreira
04/03/2012