Em agosto de 1476,
um comboio de navios
genoveses, em viagem
comercial para a
Inglaterra, foi
atacado por piratas
franceses ao largo
do Cabo de S.
Vicente, a ponta
mais avançada de
Portugal sobre o
oceano. Alguns
barcos pegaram fogo
e afundaram. A
maioria de seus
tripulantes morreu.
Só há notícia de um
sobrevivente.
Salvou-se nadando
duas léguas,
amparado num remo
que flutuava entre
os destroços. Era um
jovem marinheiro
genovês, de 25 anos.
Chamava-se Cristóvão
Colombo. Ao pisar na
areia morna de uma
praia algarvia, deu
o primeiro passo
para entrar na
História. Aquele
chão já era
História: ali
pertinho estava
Sagres, berço das
navegações
portuguesas e mais
além o porto de
Lagos, pleno de
experimentados
navegadores. Colombo
se enturmou com
estes, foi para
Lisboa e fez
inúmeras viagens nos
barcos portugueses.
Em 1481, casou-se
com Felipa
Perestrelo, filha de
Bartolomeu
Perestrelo, antigo
navegador,
governador de Porto
Santo e amigo do rei
D. João II. Já
então, Colombo,
influenciado pelo
sábio italiano Paolo
Toscanelli,
acreditava que podia
ir ao Oriente pelo
Ocidente. Em 1483,
apresentou ao rei D.
João II um plano de
viagem baseado nessa
idéia, mas o rei,
que já recusara a
mesma proposta,
feita pelo próprio
Toscanelli, não se
interessou. Pouco depois, D.
Felipa faleceu. Morta a
esposa e recusada sua
proposta descobridora,
Colombo resolveu tentar a
sorte na Espanha.
Ex-diretor do Centro
de Estudos Gerais da
Universidade Federal
Fluminense
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Direitos Reservados
15/10/2014
Em 1485, chega a
Palos procurando
apoio para seu
plano. Lá, conseguiu
credenciais dos
frades do convento
franciscano da
Rábida para ser
recebido, em Cádiz,
pelo riquíssimo e
influente duque de
Medinacelli. Por
intermédio do duque,
foi recebido na
corte de Espanha
que, naquele
momento, estava
estabelecida em
Córdoba.
Em Córdoba, Colombo
conheceu Beatriz de
Arana, que se
apaixonou por ele,
se tornou sua amante
e lhe deu seu
segundo filho,
Fernando ( o
primeiro, Diego, era
filho de Felipa
).Colombo fascinava
as mulheres mas não
era dado a
conquistas amorosas.
Teve seus amores.
Mas esperou-os sem
se mover, perseguido
e não perseguidor.
Foi assim com
Felipa, com Beatriz,
com a bela marquesa
de Moya e outras
damas da corte.
A própria rainha
Isabel se apaixonou
por ele, mas foi uma
paixão platônica. O
temperamento de
Colombo e o recato
da rainha quase nos
garantem isso. Fato
comprovado é que, em
princípio de maio de
1486, foi recebido
em audiência pelos
soberanos Fernando
de Aragão e Isabel
de Castela. Contou a
eles sua fantasia,
falou-lhes com
convicção e
mostrou-lhes o
mapa-mundi. Fernando
retirou-se cedo.
Colombo ficou a sós
com Isabel. A rainha
fixava Colombo
enquanto ele falava
e deve ter percebido
em sua fisionomia os
sinais da audácia,
ambição e vontade.
Isabel acreditou
nele e o apoiou por
toda a vida. Ainda
assim, as coisas não
aconteceram
depressa. Depois do
memorável encontro
no Alcazar de
Segóvia, não mais
conseguiu se
comunicar
diretamente com a
rainha. Durante seis
anos, seus únicos
interlocutores com
os soberanos foram
os sábios
encarregados de
julgar sua proposta.
Por interferência do
padre Juan Perez,
prior do convento da
Rábida e confessor
pessoal da rainha,
Colombo conseguiu
encontrar-se
novamente com
Isabel. O encontro
foi em Santa Fé, nas
proximidades de
Granada, em 1492. A
proposta de Colombo
foi aceita, mas ele
fez exigências que
pareceram absurdas à
rainha e muito mais
ao rei. Os reis
resistiram. Colombo
não cedeu. Montou em
seu cavalo e deixou
a cidade. Não ia
muito longe, quando
foi alcançado por um
mensageiro que lhe
disse para
comparecer,
imediatamente,
perante a rainha. As
exigências de
Colombo foram
aceitas e foi
firmado o contrato
com os soberanos, em
14 de abril de 1492.
Restava preparar a
viagem.
Francisco Pinelli,
banqueiro genovês e
Luís de Santángel,
tesoureiro da caixa
de Aragão e homem de
negócios, foram os
principais
financiadores da
empreitada.Os irmãos
Pinzón contribuíram
decisivamente.
Entraram com um
pequeno capital mas
garantiram o
recrutamento da
tripulação. Eram
navegadores muito
conhecidos em Palos
e só quando se soube
que os Pinzón
participariam da
viagem apareceram os
marinheiros que
seriam os
tripulantes das
caravelas. Destas,
duas foram
adquiridas pelos
habitantes de Palos:
a Pinta e a Niña. A
terceira caravela,
Santa Maria,
pertencia a Juan de
la Cosa e foi
alugada com dinheiro
fornecido pela
rainha.
Finalmente, no dia
12 de outubro de
1492, depois de
nadar duas léguas,
viajar 8 anos com os
portugueses,
discutir 6 anos com
os espanhóis e
atravessar o Oceano
Atlântico numa
pequena caravela,
aquele obstinado
Colombo descobriu um
Novo Mundo ao qual
nem o seu nome
deram. Ainda se
passariam três
séculos para que sua
gloriosa trajetória
fosse devidamente
avaliada.
Bibliografia: Manuel
Ballesteros Gaibrois
– História de
América, Ediciones
Pegaso, Madrid
- Gianni Granzotto –
Cristóvão Colombo,
José Olympio, Rio de
Janeiro