Sozinho, a meditar, ia o
Cidadão-Poeta em seu carro pela estrada...
E pensava nos seus direitos de Cidadão, dos quais se julga
merecedor, quando cumpridor de
todos os deveres que nesta condição lhe são
atribuídos: tributos, bitributos e tudo mais que,
legal ou até mesmo "ilegalmente" dele exigem.
E começa com suas divagações:
De minha Pátria eu espero
Com muito amor e alegria
Um direito que eu venero
Direito a cidadania
Inúmeros, porém, são os grandes erros que
freqüentemente se nos deparam, deixando-nos
estarrecidos com tanta irresponsabilidade da parte
daqueles que deveriam, pelo menos, servir-nos de
exemplo, com atitudes honestas, coerentes e dignas.
E, no momento, além dos "mensalões" e outras coisas
mais absurdas, surgem outros problemas que se acham
atualmente em grande destaque: saúde, sem Saúde;
educação, sem Educação; transporte, sem Transporte;
segurança, sem Segurança e uma infinidade de
C.P.I.S., além de um sem número de coisas erradas e
desonestas, impossíveis de serem aqui enumeradas.
Mas, agora, a
"vedete"
do dia são as nossas ESTRADAS!
Ora esperançoso, ora alegre, mas sempre desolado, o
POETA procura expressar em versos seus sentimentos,
ao perceber que a famosa operação "TAPA-BURACO" não
passa de uma simples maquiagem não se podendo nem
imaginar quanto tempo vão durar esses remendos que
nos dão simplesmente a impressão de fins
eleitoreiros...
E o POETA continua a pensar em forma de versos:
Modifico a minha vida
quando consigo encontrar
uma estrada garantida
por onde eu possa passar.
Porém, sempre assustado com tudo o que vê a sua
frente, tentando suavizar seu desespero, continua o
CIDADÃO-POETA na sua meditação; e, em seu contínuo
viajar, procura poetizar o que observa, lançando mão
de versos do nosso grande poeta Carlos Drummond de
Andrade, ao fazer a seguinte paródia:
NO MEIO DO CAMINHO
No meio do caminho tinha um buraco
tinha um buraco no meio do caminho
tinha um buraco.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha um buraco
tinha um buraco no meio do caminho
no meio do caminho tinha um buraco.
E assim, " de buraco em buraco", vai o POETA em seu
carro, tentando, com grande dificuldade sair daquela
ESTRADA e atingir o seu objetivo: chegar são e salvo
ao lugar almejado.
E tudo isto pelas condições de nossas ESTRADAS:
péssimo asfaltamento, falta de sinalização ou,
quando esta existe, completamente danificada. E, na
sua maioria, sem acostamento.
E o que fazem as autoridades responsáveis por tudo
isto?
Simplesmente discutem, como
é costume
acontecer
em todos os assuntos de interesse dos CIDADÃOS, que
tanto lutam por sua Pátria e muitas vezes tanto
sofrem por ela.
E ao fim de sua dolorida "viagem", o POETA, agora
sem parodiar, passa-nos na íntegra, estes versos
também de Carlos Drummond de Andrade, que exprimem,
poeticamente, a eterna situação em que nós
brasileiros, eternos sofredores vivemos:
POLÍTICA LITERÁRIA
O poeta municipal
discute com o poeta estadual
qual deles é capaz de bater o poeta federal.
Enquanto isso o poeta federal
tira ouro do nariz
Mas não se esquece também de deixar, ironicamente,
este recadinho para todos os que em qualquer função,
governam o nosso país, principalmente aqueles que
têm o sonho de serem eleitos ou re-eleitos para
algum cargo político:
Pensas que só prometendo
serás grande vencedor?
As promessas que estou vendo
são promessas de um ator... |